domingo, 27 de agosto de 2017

27 agosto 2018 – Córdova - Espanha


Se no inicio das férias decidimos parar em Mérida, no regresso fizemos o mesmo em Córdova, na Andaluzia.

Quando no século VIII os árabes entraram na Andaluzia, iniciaram em Córdoba a construção duma cidade que, na opinião destes rivalizasse com as grandes metrópoles do mundo árabe: Bagdad, Damasco, Constantinopla e Cairo.


Iniciaram assim a construção de uma infinidade de mesquitas e palácios. Entre estas mesquitas encontrava-se aquela que se viria a tornar numa referência em todo o mundo Islâmico da época. Inspirada na de Damasco, a mesquita sofreu sucessivas ampliações até se tornar a enorme floresta de colunas e arcos vermelhos e bejes que os cristãos encontraram em 1236 aquando da reconquista cristã do califado da Andaluzia, que até aí tinha dominado quase toda a Península Ibérica.

Uma parte desta obra prima, foi então destruída para dar lugar a uma catedral católica.

Existe uma lenda que diz que um papa que veio depois das obras a Córdoba disse algo do género: “destruíste uma obra única no mundo para fazer aqui uma catedral como tantas outras”. Em parte, teve razão, mas a mesquita-catedral de Córdoba é ainda assim um edifico incomparável a qualquer outro no mundo, um exemplo da tolerância religiosa e da fusão de duas culturas diferentes.


Para além da Mesquita-Catedral, está também classificado pela UNESCO, o centro histórico da cidade, incluindo a Sinagoga, o bairro da Judiaria, o Alcazar e a Ponte Romana.

A imagem que se tem ao entrar na Mesquita é de cair o queixo. São cerca de 900 colunas de pedras nobres dispostas de uma forma que lembra o mar… Ou talvez uma floresta, toda feita de arcos, com listras vermelhas e brancas, que dão uma sensação de infinito incrível.


A construção da mesquita teve início, então, por volta de 785 pelo emir Abd ar-Rahman I, tendo sido levada a cabo pelas gerações subsequentes durante os séculos VIII, IX e X. Nessa época, Córdoba era uma das cidades mais povoadas do mundo!

  
Em 1236, durante a Reconquista, Córdoba foi tomada pelo Rei Ferdinando III e, depois de ser parcialmente destruída, a Mesquita foi reconstruída como uma catedral. Por isso sua denominação mista de “Mesquita-Catedral”.


O engraçado é que a catedral (que, embora seja muito bonita, não chega nem aos pés da mesquita original!) foi construída no centro do monumento e reaproveitou a construção já existente. Só que a catedral parece ter sido “encaixada” de uma forma um tanto inusitada (e até meio desajeitada) num lugar que, na verdade, não lhe pertence.

Por mais que tentemos encontrar uma unidade, a verdade é que as construções não se ligam muito bem e a catedral acaba por prejudicar o visual original da mesquita.


Mas, é claro, não é por isso que a visita fica menos interessante. Muito pelo contrário! Identificar e analisar as diferenças de estilo faz parte do desafio da visita.

O minarete de uma mesquita é a torre de onde são anunciadas as cinco orações do dia. Nesse caso, o minarete original da mesquita foi transformado na torre da igreja e proporciona uma vista bem bonita dos antigos bairros árabe e judeu de Córdoba. 


Na parte de fora da construção, não podemos deixar de contemplar também o Pátio das Laranjeiras.


Embora a Mesquita-Catedral de Córdoba seja uma ótima amostra da possível convivência de religiões num mesmo lugar, devemos dizer que nem tudo são flores. Já houve (e ainda há) conflitos envolvendo questões sobre a forma correta de se chamar o local (mesquita? catedral? mesquita-catedral?) e mesmo sobre a possibilidade de fiéis muçulmanos a utilizarem para seus ritos e orações.

Terminada a visita à catedral decidimos que o próximo passo seria percorrer sem grandes preocupações as ruelas da cidade admirando as suas janelas ornamentadas com vazos de flores coloridas, apreciar os pátios no interior das habitações. Uma delicia para os nossos olhos. Pena a chuva que visitou a Andaluzia naquele final de agosto.

Fomos então passeando por:

Calleja de las Flores

O mais gracioso dos becos sem saída que existem. Bem em frente à face norte da Mesquita de Córdoba em plena Judería, bairro judeu da cidade (vamos falar dele mais adiante). A Calleja de las Flores é uma típica rua da Andaluzia com suas flores dando vida ao branco das paredes das casas nas estreitas ruas seculares.

  
Alcázar de los Reyes Cristianos

Um palácio-fortaleza ao lado da Mesquita-Catedral que serviu de residência para Isabel de Castela e Fernando II de Aragão no século XV. Embora tenha hoje este nome, parte do palácio foi construído pelos antigos Califas de Córdoba e posteriormente modificado por Alfonso XI de Castela.

 Um dos mais belos pontos para você visitar são os belos jardins com as estátuas de todos os réis que já passaram por ali.

Sua arquitetura é mudéjar, ou seja, tem origem nos tempos pós-ocupação muçulmana, onde os remanescentes árabes viviam sob o domínio cristão. Por isto ele possui elementos das duas culturas, embora a atual forma tenha sido construída por um rei católico.



Nas ruas estreitas deste bairro, um comércio ativo e encantador anuncia que Córdoba é realmente uma cidade pluricultural. A Judería é um bairro judeu, localizado ao lado da Mesquita construída dentro de uma Catedral, as três culturas.

O nascimento do bairro acontece no século X, onde foi um local de habitado pelos judeus até o século XV. Hoje ocupa a região entre as ruas Deanes, Manríquez, Tomás Conde, Judíos, Almanzor e Romero.


Ponte romana de Córdoba

Falar da Ponte Romana de Córdoba é falar de uma ponte construída sobre o rio Guadalquivir, que passa pela a cidade dos Califas. A ponte foi construída no primeiro século depois de Cristo, e conta com um comprimento de 332 metros e 9 metros de largura.


Esta ponte foi construída pelos romanos durante o seu período de ocupação na Andaluzia, no sul da península. A Via Augusta, que se estende a partir de Roma para Córdoba atravessa esta ponte, uma boa prova para a importância deste lugar.

Existem várias as reformas que sofreu ao longo da história. Atualmente é um dos monumentos mais interessantes da cidade de Córdoba.


E assim termina a nossa visita e simultaneamente as nossas férias de Verão.

Fica aqui marcado o encontro brevemente algures por aí!